A Presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, I.P. apresenta publicamente à Família e Amigos os mais sentidos pêsames na morte de Nuno Júdice, poeta, professor universitário, ensaísta, figura da cultura portuguesa, natural de Mexilhoeira Grande, Portimão.

Nuno Júdice nasceu em 29 de abril 1949 na Mexilhoeira Grande (Portimão) e faleceu ontem em Lisboa. Licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, obteve o grau de Doutor pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, com uma dissertação sobre Literatura Medieval, na qual foi professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, até à sua aposentação, como professor associado, em 2015.

Considerado um autor decisivo numa época de transição da poesia portuguesa, entre as tendências experimentais da década de 1960 e o tom mais quotidiano dos anos 80 e seguintes, a sua estreia literária deu-se com A Noção de Poema (1972). A sua obra inclui antologias, edições de crítica literária, estudos sobre Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. Lançou, em 1993, a antologia sobre literatura portuguesa do século XX, Voyage dans un siècle de Littérature Portugaise. Assinou ainda obras para teatro e traduziu autores como Corneille e Emily Dickinson. Tem obras traduzidas em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra, França, México, Irão, China, Albânia, Suécia, Dinamarca, Grécia, Marrocos, Líbano, Colômbia, Canadá e República Checa.

Foi diretor da revista literária Tabacaria (1996-2009), editada pela Casa Fernando Pessoa, e Comissário para a área da Literatura da representação portuguesa à 49ª Feira do Livro de Frankfurt. Foi também Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal (1997-2004) e diretor do Instituto Camões em Paris. Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa '94 - Capital Europeia da Cultura. Foi diretor da Revista Colóquio-Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.

Sendo um dos poetas portugueses mais traduzidos internacionalmente, recebeu, entre muitos outros, o Prémio Ibero-Americano Rainha Sofia, em 2013. Integrando a antologia de poetas algarvios “Algarve – 12 poetas a sul do século XXI” (2012), o volume “50 Anos de Poesia (1972-2022)” é uma súmula do seu percurso de meio século, que reúne mais de setenta títulos, entre poesia, ficção e teatro.

Reconhecido pelos seus pares e pela crítica em inúmeras ocasiões, recebeu ainda o Prémio Pen Clube em 1985 e o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus em 1990. Em 1994, a Associação Portuguesa de Escritores distinguiu-o pela publicação de Meditação sobre Ruínas, e foi finalista do Prémio Europeu de Literatura Aristeion. A 10 de junho de 1992, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e, a 7 de junho de 2013, Grande-Oficial da mesma ordem.

Cantado por José Mário Branco, Carlos do Carmo, Carminho ou António Zambujo, o poeta algarvio foi justamente considerado um dos mais importantes da sua geração e, numa entrevista à RTP, começa por dizer que o poema é “a expressão de uma intensidade”. Da infância no Algarve, da qual guardava memórias vivas, confessa “que é lá, na terra onde nasceu, que se sente rejuvenescer”.

Faro, 18 de março de 2024

2024-03-18