No falecimento do poeta, romancista, contista e ensaísta Casimiro de Brito, a Presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, I. P. apresenta publicamente à Família, Amigos e Admiradores os mais sentidos pêsames e presta homenagem pública a uma figura ímpar da cultura portuguesa distinguida em inúmeras oportunidades.
Citando João de Mancelos, num trabalho sobre a alquimia de Casimiro de Brito, elogia o autor referindo que um “um antigo provérbio japonês defende que os poemas apenas se deixam encontrar por quem os merece”.
Com meia centena de obras publicadas, Casimiro Cavaco Correia de Brito nasceu em Loulé em 1938 e estudou na Escola Industrial e Comercial de Faro (atual Escola Secundária Tomás Cabreira). Começou a publicar em 1955 reunindo uma vasta obra de poesia, romance, ensaio e fragmentos, editada em português e em trinta outras línguas, estando incluído em mais de 200 antologias em Portugal e no estrangeiro.
Em 1956, criou no jornal A Voz de Loulé uma página literária designada Prisma de Cristal, na qual colaboraram nomes como António Ramos Rosa, Gastão Cruz e Maria Rosa Colaço. Dirigiu, ainda em Faro, a coleção de poesia "A Palavra", bem como diversas revistas literárias, entre as quais os Cadernos do Meio-Dia, com António Ramos Rosa. Foi colaborador da coleção “Encontro”, da revista literária “Loreto 13” e de vários jornais do Algarve.
Prosseguiu estudos no Westfield College, em Londres, a convite da BBC. Antes de regressar a Portugal, viveu em Dusseldorf, na Alemanha. Já em Lisboa, exerceu funções como vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores e presidente do P.E.N. Clube Português assim como da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie, e desenvolveu, durante boa parte da vida, uma intensa atividade como divulgador da poesia.
Entre as obras principais encontramos Poemas da Solidão Imperfeita (1957), Sete Poemas Rebeldes e Carta a Pablo Picasso (1958), Telegramas (1959), Poemas Orientais (1962), Jardins de Guerra (1966), Vietnam: Em Nome da Liberdade (1967), Mesa do amo (1970), Negação da Morte (1974), Um Certo País ao Sul e outras ficções do estilo (1975), Corpo Sitiado (1976), Imitação do Prazer (1977), Prática da Escrita em Tempos de Revolução (1977) ou Nós, outros (1979).
O seu génio recebeu o reconhecimento através de vários prémios, nacionais e internacionais, entre o quais o Prémio Léopold Sédar Senghor da Academia Martin Luther King e o Prémio Mundial de Haikus da World Haiku Association, assim como o Prémio Internacional de Poesia Léopold Senghor, o Prémio de Poesia Aleramo-Luzi, para o Melhor Livro de Poesia Estrangeiro, com "Livro das Quedas" (2004), e ainda o Prémio de Melhor Poeta do Festival Internacional Poeteka, na Albânia (2008).
No rol de distinções contam-se anda o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro "Labyrinthus" (1981), o Prémio Versilia, de Viareggio, para a Melhor Obra Completa Estrangeira, por "Ode & Ceia" (1985), o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube, pelo livro "Opus Affettuoso seguido de Última Núpcia" (1997). Foi nomeado Embaixador Mundial da Paz (Zurique) e, em 2008, foi agraciado com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique da República Portuguesa. Em 2016, foi homenageado em Querenca pela Fundação Manuel Viegas Guerreiro.
Em entrevista disponível nos arquivos da RTP, por ocasião dos 50 anos de vida literária, Casimiro de Brito fala da obra publicada, das temáticas e da inspiração da sua poesia, evoca os algarvios António Ramos Rosa e António Aleixo, recorda o movimento "Poesia 61", que integrou com Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta, e declama o poema "Quem Amou Vai Amar a Vida Inteira".