Começo por saudar a Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, nesta data que marca o início de um novo ciclo. Um novo ciclo na qualidade das instalações que oferece a todos os que abraçaram, ou pretendem abraçar, as profissões do turismo.

Esta saudação, este desejo de um novo ciclo, estende-se às restantes escolas de hotelaria e turismo do Algarve que são uma mais-valia estratégica para a qualificação dos recursos humanos do setor: é hoje difícil ir a um restaurante de qualidade superior, a um hotel, a um empreendimento turístico e não reconhecer a presença dos profissionais formados nestas escolas.

Estas foram e são decisivas na consolidação do Algarve como destino turístico de referência nacional e internacional.

Mas estes novos tempos exigem respostas novas. As escolas do turismo enfrentam novos desafios. Desde logo, o da expansão da rede de oferta formativa para a hotelaria e turismo no ensino secundário, que retrai a procura. Mas também a expansão dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) que exige um novo posicionamento para a oferta de cursos de especialização tecnológica (CET) das escolas de hotelaria e turismo, para além da pressão para qualificações de nível superior (licenciaturas), designadamente na inovação e valorização de produtos no quadro da dieta mediterrânica, na manutenção, na eficiência energética.

O Algarve não pode ficar à margem desse impulso para mais e melhores qualificações, sendo as escolas de hotelaria e turismo parceiras ativas com a Universidade e as restantes escolas na procura de maximização dos recursos formativos instalados na região.

No Algarve, temos a obrigação de conseguir implementar um regime pioneiro entre a Universidade, o Politécnico e as Escolas de Turismo, que otimize e use bem os recursos financeiros disponíveis, assegure sinergias, melhore a qualidade e qualificações dos nossos recursos humanos.

Por outro lado, o país e o Algarve assumiram, no âmbito do Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, o compromisso de multiplicar por cinco a formação ao longo da vida. O Turismo, como muitos outros setores em Portugal, precisa de qualificação contínua dos seus trabalhadores, sobretudo numa década marcada pelo impacto no mercado de trabalho do inverno demográfico. Teremos menos jovens e a escassez de recursos humanos tenderá a agudizar-se. Sobretudo no Algarve as escolas de hotelaria, a estrutura de formação, precisa posicionar-se como agentes ativos de qualificação dos fluxos migratórios e de adultos.

A estes desafios, acresce que, nos próximos 30 anos o crescimento união europeia será sobretudo impulsionado pela transição climática e digital, e pela afirmação de uma muito maior circularidade da economia, também no turismo.

O Eurobarómetro sobre o futuro do Turismo indica-nos que, ao nível europeu a Sustentabilidade é a palavra de orem no Turismo: 44 por cento dos inquiridos colocam no topo das prioridades de escolha do destino turístico a oferta cultural, a vida e eventos locais, a gastronomia. 43 por cento a sustentabilidade e ambiente. 55 por cento estão disponíveis para consumir produtos locais e 48 por cento com a predisposição de, em férias, produzir menos resíduos e lixo.

Temos de antecipar o futuro, em especial com as empresas – o turismo é uma atividade económica e só se desenvolve e cresce com empresas sólidas, mobilizando a ação e os meios para colocar a economia circular no centro das decisões de gestão das empresas de turismo, em linha com o compromisso de Glasgow, através de planos de ação concretos nesta década de ação climática em favor do Turismo.

No Ano Europeu para as Competências, a Comissão Europeia tem incentivado os Estados e as Regiões à celebração de pactos para a empregabilidade. Portugal tem respondido a esse desafio em sede de Conselho Económico e Social, designadamente com:

O Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade

O Acordo de Concertação Social sobre Formação Profissional e Qualificação um desígnio estratégico para as pessoas e para o país;

O Acordo “Combater a precariedade e reduzir a segmentação laboral e promover um maior dinamismo da negociação coletiva”.

Mas como é ao nível local que a vida real se concretiza temos de levar à prática esses compromissos, também aqui na Região.

2022 foi um bom ano para o turismo. Aumentaram os proveitos, o turismo alavancou o crescimento da nossa economia, criou emprego. E o turismo é a nossa principal atividade económica:  dados do INE dizem nos que no Algarve estão 6 dos 11 municípios do País que acolhem mais turistas.

Temos no Turismo de Portugal e na entidade regional de turismo excelentes parceiros. Quero deixar uma palavra ao Turismo de Portugal, Organismo intermédio, parceiro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e do setor e com competência e reconhecimento de todos o setor: entidades públicas e atividade económica. Em conjunto, com as empresas e as suas associações, temos de fazer das verbas do Portugal 2030 uma alavanca de sustentabilidade e resiliência no setor do turismo.

2023-01-24