O «Dia da Europa» foi assinalado esta segunda-feira, 9 de maio, com um conjunto de atividades ao longo de quase 12 horas em que as celebrações percorreram o Baixo Guadiana português e espanhol.

Ao início do dia ouviu-se o hino e foram hasteadas as bandeiras no alto do Revelim de Santo António, em Castro Marim. No interior do edifício houve lugar para os discursos de abertura em que autarcas locais, presidente da Eurocidade do Guadiana e presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) falaram a todos os presentes.

Desde logo, Francisco Amaral, presidente da Eurocidade, fez um balanço dos 30 anos na Europa e mostrou-se na expectativa de que o estatuto europeu possa trazer mais aos municípios, nomeadamente políticas de desenvolvimento que consigam combater o desemprego.

Em dia de celebração do terceiro aniversário da Eurocidade do Guadiana, Francisco Amaral realçou o papel dos fundos comunitários no desenvolvimento destes municípios, agora equipados de “infraestruturas básicas, sejam desportivas, culturais, sociais, rede viária requalificação urbana e saneamento básico”, mas sublinhou aquilo que considera ser uma injustiça na distribuição dos apoios comunitários ao longo dos anos, a desconsideração, pela parte da União Europeia, das diferenças entre Algarve litoral e o serrano, que tem considerado a região como rica na sua totalidade.

Por sua vez, o presidente da CCDR Algarve, David Santos, realçou a possibilidade do Guadiana poder ser navegável entre Alcoutim e Pomarão, dependente de uma candidatura apresentada a fundos comunitários, que deverá estar determinada até ao final deste ano. 

Seguiu-se uma visita da comitiva às infraestruturas cofinanciadas por fundos comunitários por Castro Marim iniciando no Revelim, passando pelo Centro de Interpretação Territorial, a Conservação e Restauro dos Elementos Patrimoniais integrados na Igreja de Santo António, passando pelo Edifício Multifuncional de empresas (equipamento), verificou-se a Melhoria da Eficiência energética na iluminação pública, visitou-se os Largos de Santo António e de Nossa Sr.ª da Conceição, Biblioteca Municipal e antigo Mercado Municipal.

A comitiva seguiu para Ayamonte onde visitou o Porto e Marina fazendo a travessia para Vila Real de Santo António de barco pelo rio Guadiana.

Já em Vila Real de Sto. António, os presentes tiveram oportunidade de conhecer a Reabilitação do edifício da Alfandega e a Requalificação do Centro Histórico de VRSA. Seguiram-se as visitas para o concelho de Alcoutim, à Navegabilidade e Sinalética do Guadiana, à Valorização do Património – Castelo de Alcoutim e ao Espaço Guadiana.

Em Alcoutim teve lugar uma apresentação por parte do presidente da câmara municipal, Osvaldo Gonçalves, das obras estruturantes co-financiadas por fundos comunitários. Pelas 15h teve início um momento especial para os alcoutenejos e demais habitantes desta raia. Foi apresentado um estudo feito pelo antropólogo Rafael Cáceres Feria que, ao longo de cerca de seis anos, estudou o Contrabando Tradicional na raia luso-espanhola do Baixo Guadiana. Esse mesmo estudo foi integrado no livro «O Contrabando Tradicional na Fronteira Luso-Espanhola», e que é composto por estudos de diversos autores.

A dinamização desta iniciativa, que tem por título «Ler Europa» esteve a cargo do professor António Covas, doutorado em Estudos Europeus, e que fez a ponte entre o tema e as celebrações do 9 de Maio. Esta sessão tornou-se ainda mais especial pela presença e testemunho de um antigo contrabandista, António Melo, e antigo guarda-fiscal, António Galrito.

Mais tarde, pelas 17h, em Castro Marim, houve visita à exposição “Eurocidade do Guadiana: 3 anos de iniciativas”, na Biblioteca Municipal.  No mesmo espaço, durante a tarde, esteve patente a exposição «Pintar a Europa», um resultado das telas distribuídas pela população e entidades do território. 

O debate «30 anos depois, que futuro?» teve lugar no auditório daquela biblioteca. Moderado pela jornalista Susana H. de Sousa, do Jornal do Baixo Guadiana, contou com a presença do vice-presidente da CCDR Algarve, Adriano Guerra, o presidente da Eurocidade do Guadiana, Francisco Amaral, o autarca de Vila Real de St. António, Luís Gomes, na qualidade de membro do Comité das Regiões.  De Espanha, participou a Segunda Teniente. Alcaide María Soledad Mora.

A reflexão sobre a Europa e o seu/nosso futuro incidiu sobre a falta de autonomia, tanto a nível de organismos nacionais, regionais ou locais, que impedem políticas de desenvolvimento adequadas e assertivas, e sobre o seu mais recente flagelo, o desemprego, resultado de uma “política de capelinhas”, afirmou o presidente da Eurocidade do Guadiana, Francisco Amaral, acrescentando que “o nosso país não é um país sério… andamos nos papelinhos dezenas de anos, somos confrontados com obstáculos irracionais, que despromovem o investimento privado e o combate ao desemprego”. 

Por seu turno Luís Gomes realçou a necessidade de se repensar a Europa numa fase em que as crises económica, social e humanitária mostram as debilidades que afetam esta União. Também do lado espanhol existe a convicção que é preciso fazer mais para melhor o desenvolvimento real de cada países da UE. Adriano Guerra fez uma retrospetiva dos últimos 30 anos do Algarve Europeu e, claramente, sublinhou um “balanço francamente positivo” dos benefícios trazidos pelos fundos comunitários.

As celebrações do Dia da Europa encerraram com a inauguração da exposição «Cana e Luz – Experiências e Potencialidades», de Vilma André, na Casa do Sal, patente até dia 22 de maio, um conjunto de grande criatividade, que combina o trabalho artesanal com o talento da designer, aqui focado nos nossos recursos naturais. Este é também um testemunho de que é possível redinamizar a economia local com atividades contemporâneas.

Paralelamente, houve lugar a conjunto de iniciativas junto da comunidade escolar na Secundária de Vila Real de Santo António e na EB1 D. José I, ambos no concelho iluminista.

Aos mais jovens foi proposta a atividade “Pintar a Europa” cujas telas foram reunidas ao final do dia na Biblioteca de Castro Marim. A EB1 D José I preparou uma exposição de trabalhos sobre esta temática. Com os jovens da escola secundária, o CIED Algarve em parceria com a Associação Backup de Vila Real de Santo António, realizou duas sessões em sala sobre “Democracia e Participação”. Durante os intervalos e na sala dos alunos desenvolveram-se diversas dinâmicas tais como mural de mensagens, vox pop, fotografias com moldura, fita dos desejos e distribuição de publicações.

Recorde-se que as celebrações do Dia da Europa e do Dia da Eurocidade foram uma iniciativa organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), Programa Operacional Regional CRESC ALGARVE 2020, Centro Europe Direct do Algarve, Enterprise Europe Network e EURORREGIÃO Alentejo-Algarve-Andaluzia e contaram com a parceria da Eurocidade do Guadiana, da Associação Odiana e do Jornal do Baixo Guadiana como media partner.

2016-05-11