O Instituto Nacional de Estatística (INE) disponibilizou em fevereiro um Destaque sobre a atividade turística na região do Algarve, apresentando nesta edição uma análise específica e mais detalhada sobre a evolução do turismo no período 2019-2023, por ser o Algarve a principal região turística portuguesa em termos de dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico, mas, também, por ter sido a única que não superou, neste indicador, os valores pré-pandemia.
Os dados preliminares de 2023 traduzem um crescimento da atividade turística nos estabelecimentos de alojamento turístico, face ao ano anterior, embora com um ritmo inferior ao das restantes NUTS II. Em paralelo o INE publicou igualmente um destaque sobre a evolução do turismo na região, entre 2019 e 2023, que sinalizamos e destacamos pela grande importância do turismo na região Algarve.
O número de hóspedes aumentou 7,7% (13,3% a nível nacional) e as dormidas, que atingiram 20,4 milhões, cresceram 6,4% (10,7% no país). O Algarve foi uma das três regiões com decréscimo das dormidas de residentes em Portugal (-6,9%). As dormidas de não residentes aumentaram cerca de 11%, valor suplantado pelas outras NUTS II.
Os proveitos totais alcançaram quase 1.592 milhões de euros, refletindo uma subida de 12%. Também no rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) e do rendimento médio por quarto ocupado (ADR), em que o Algarve apresenta valores absolutos ligeiramente superiores à média nacional, se observou uma subida menos expressiva do que noutras regiões.
Na análise comparativa entre 2019 e 2023 efetuada pelo INE e complementada por outros dados, assinale-se, de forma sintética:
- o número de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico diminuiu 2,5%, o que se deveu a estadias mais curtas, sobretudo dos hóspedes não residentes;
- o número de hóspedes aumentou 1,4%; os hóspedes não residentes aumentaram 3%, ao contrário do que sucedeu com os residentes (-2,8%), mas as dormidas diminuíram em ambos os casos, de forma mais marcada entre os residentes em Portugal (-6,4%);
- as dormidas no 2º trimestre e, sobretudo, no 3º trimestre, decresceram, mas aumentaram no 1º e 4º trimestres;
- os três principais mercados, que em 2023 representavam 45% das dormidas totais nos estabelecimentos de alojamento turístico, apresentaram evolução diferenciada: o britânico e o alemão com quebras de 1,8% e 4,4%, respetivamente, e o mercado irlandês com subida de 16,5%. Assinale-se o aumento expressivo, em temos relativos, das dormidas de hóspedes residentes no Canadá e, sobretudo, nos EUA, neste último caso a atingir cerca de 70%.
- Sendo a principal região turística do país, a proporção de dormidas no Algarve face ao resto do País é agora de 26%;
- a taxa líquida de ocupação-cama fixou-se em 49,2% em 2023, descendo muito ligeiramente em relação a 2019 (-0,9 pontos percentuais);
- Relativamente à distribuição espacial das dormidas nos três municípios com maior quota de mercado (65% no conjunto, em 2023), observou-se uma diminuição em Albufeira (-8,8%) e Portimão (-1,1%) e uma ligeira subida em Loulé (0,6%). No caso de Lagoa, Lagos e Vila Real de Santo António, com um volume de dormidas entre 1 e 1,7 milhões em cada município, registaram-se taxas de variação de 2,1%, 15,4% e -15,4%, respetivamente. No restante território destaque para o crescimento relativo assinalável das dormidas em Aljezur (74,5%) e, com menor intensidade, em Vila do Bispo (15%) e Faro (11,5%).
- o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) apresentou uma subida mais intensa nos municípios com maior quebra nas dormidas. Em 2023, Vila do Bispo, Loulé e Lagoa registaram o ADR mais elevado, variando entre 147€ e 141,3€. O ADR aumentou em todos os municípios, comparativamente a 2019, exceto em Vila do Bispo, onde se observou uma ligeira descida (-0,4%).
Assinale-se ainda o movimento de passageiros no aeroporto de Faro que aumentou 7,3% entre 2019 e 2023, correspondendo a um acréscimo de 649,3 mil passageiros embarcados e desembarcados.
Por outro lado, para além das dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local, turismo no espaço rural e de habitação) devem considerar-se outros meios de alojamento. Os dados mais atuais, relativos a 2022, indicam mais de 2 milhões de dormidas anuais nos parques de campismo da região desde 2018 (exceto em 2020 e 2021, devido à pandemia).
Refira-se igualmente que as estatísticas oficiais referentes aos estabelecimentos de alojamento turístico só incluem o alojamento local (AL) com 10 ou mais camas. Em 2022, segundo o INE, existiam 530 AL no Algarve, com capacidade para 14.286 pessoas, tendo-se registado 1,46 milhões de dormidas e uma taxa de ocupação-cama líquida de 36,2%.
Pela consulta à base de dados do Registo Nacional de Alojamento Local do Turismo de Portugal, (considerando os AL registados até 2022 e com abertura prevista até ao final desse ano) contabilizam-se 39.161 AL na região, com capacidade para 203.802 utentes. Subtraindo-se a capacidade dos AL considerados nas estatísticas oficiais, conclui-se que existe capacidade adicional para 189.516 utentes. Este valor representava 1,4 vezes a capacidade total dos estabelecimentos de alojamento turístico da região, em 2022. Um exercício simples, baseado no pressuposto que estes alojamentos estão disponíveis no mercado durante todo o ano e numa taxa de ocupação-cama bruta de 26,2% (10 pontos percentuais inferior à taxa de ocupação-cama líquida do AL em 2022), permitiria chegar a um cenário potencial de mais 18,1 milhões de dormidas. Como nota adicional, refira-se que em 2023 existiam +5.236 AL registados no Algarve, com data prevista de abertura nesse ano.
A qualidade oferecida pela região e a fruição do destino enquanto experiência especial, diferenciadora e ambientalmente sustentável, são premissas que permitem apostar em segmentos mais exigentes e numa oferta geradora de maior valor acrescentado efetivo, fazendo do turismo uma atividade económica que tenha um efeito de alavancagem de outras atividades económicas, contribuindo para a competitividade da região e para a melhoria da qualidade de vida dos residentes.
Para aceder à análise mais detalhada e aos elementos gráficos sobre o tema consulte o Destaque do INE.