As conclusões do projecto "Sistemas de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para o Algarve", realizado pela CCDR/Algarve em parceria com a Universidade do Algarve, resultaram da análise de 50 indicadores ambientais.

Nos últimos dois anos, uma equipa de investigadores analisou aspectos ligados à qualidade do ar, água, ordenamento territorial, ambiente marinho e costeiro e resíduos, entre outros.

Segundo dados revelados pela "Águas do Algarve", a agricultura é a actividade que mais água gasta na região – 113 milhões de metros cúbicos por ano -, seguida do abastecimento público de água para consumo, cujos valores se cifram nos 66 milhões.

O próprio ministro do Ambiente, Nobre Guedes, chegou a admitir, em Outubro, que o consumo de água poderia ter que ser racionado no Algarve, caso não chovesse o suficiente até 2005 para abastecer as reservas de água da região.

Perante o cenário de valores de consumo considerados excessivos, o estudo elaborado pela CCDR/Algarve alerta para a necessidade de "incentivar o uso racional da água e o combate ao desperdício".

A área florestal ardida após dois Verões consecutivos com fogos de grande dimensão é outro dos maiores problemas com que a região se debate a nível ambiental, de acordo com o mesmo estudo.

Ainda sem dados disponíveis em relação ao ano passado, sabe-se que em 2003 a área ardida no Algarve foi de 61.301 hectares, valor muito superior face ao ano anterior, em que arderam apenas 1.530 hectares na região.

Por fim, a crescente pressão urbanística, que se verifica especialmente na faixa litoral, é outro dos itens que o estudo identifica como negativos no contexto ambiental da região.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em dez anos - entre 1991 e 2001 -, foram construídos 69.557 novos alojamentos, o que corresponde a 25 por cento do parque habitacional existente na região.

Albufeira, Faro, Loulé e Portimão foram os concelhos onde se verificou a construção do maior número de alojamentos nesse período.

Em contrapartida, a qualidade da água para consumo e das águas balneares são as "jóias da coroa" algarvia, apresentando níveis considerados bastantes satisfatórios.

De acordo com o mesmo estudo, a região do Algarve apresenta "um dos melhores desempenhos nacionais" ao nível da qualidade da água para consumo, maioritariamente de origem superficial e captada nas albufeiras de Beliche e Odeleite, no Sotavento, e do Funcho e da Bravura, no Barlavento.

O mesmo se concluiu em relação à água balnear: das 110 zonas classificadas como balneares no Algarve, apenas três apresentaram níveis de má qualidade (Praia do Burgau, em Vila do Bispo e praias dos Pescadores e do INATEL, em Albufeira).

Faro, 17 Dezembro 2004 / Fonte:"Lusa"
2004-12-17