O Algarve, a Região do Algarve, está confrontada com vários e exigentes desafios.
Desde logo, reforçar a resiliência e a capacidade de resposta a choques assimétricos, nomeadamente de choques relacionados com a globalização e a evolução tecnológica.
A diversificação da base económica, impulsionando a transição digital, juntamente com as políticas locais e de proximidade, no quadro de uma estratégia de especialização inteligente que valorize os nossos recursos endógenos, mas nos torne menos dependentes de uma única atividade económica é um ponto chave para a Região.
Temos dito, e repetimos, que vemos no turismo um efeito trator, não apenas motor - e Keynes já nos deixou suficientes lições sobre os problemas do alternador no motor -, atividade económica que puxe também pela competitividade e qualificação dos demais setores. Por isso apostamos numa incubadora e centro tecnológico digital no Campus da Penha, em Faro, no Centro de Investigação Clínica com o ABC em Loulé, no Pólo do Hubazul em Olhão, na inserção nas redes do Digital Hub, no centro de investigação do Mar em Gambelas, em Faro – aguardando o desenrolar da candidatura Timing – e num acelerador de energias, novos combustíveis e baterias, em Portimão. Temos igualmente de apoiar e dinamizar uma rede de espaços coworking focados no digital e nos nómadas digitais, e, por exemplo, de Lagos são muito positivos e merecem destaque os sinais de vitalidade e atratividade.
Digital que também terá de ser associado à coesão territorial. Smart Cities mas também Smart Villages, rede de aldeias inteligentes, se e quando conseguirmos juntar melhor cobertura digital do território, com a valorização do interior e das áreas atualmente menos povoadas no interior da Região. A este propósito saudar a iniciativa da ANACOM que colocou em consulta pública um levantamento sobre a cobertura das redes publicas de comunicações eletrónicas, na sequência da qual se anuncia um concurso publico internacional para instalação, gestão, exploração e manutenção das redes de capacidade muito elevada em todo o País.
Destaco igualmente um outro desafio estratégico: ajustar a região às alterações demográficas e aumentar as qualificações. Vamos ter menos mão de obra disponível, o que nos convoca para mais foco na formação, dos mais jovens, mas também dos trabalhadores mais velhos a reorientar e reconverter em termos profissionais. Também na formação, inclusão social e condições de vida para os trabalhadores migrantes.
Na Região do Algarve apenas 29,6 % por cento dos trabalhadores entre os 30 e 34 anos têm um nível de formação de ensino superior, quando no Continente essa percentagem atinge os 44,7%. No Algarve, apenas 22 por cento dos jovens entre os 18 e os 24 anos frequentam o ensino superior, quando o objetivo nacional é atingir os 60 por cento no final da década, considerando que no Algarve podemos e devemos duplicar a atual percentagem de jovens de 20 anos no ensino superior atingindo os 40 por cento. E o digital, a formação no digital vai certamente dar um contributo.
Mobilidade. Mobilidade suave e inteligente, mobilidade multimodal, a partir do eixo chave que é o transporte ferroviário de passageiros. Temos ambições e objetivos que alinham com o futuro Plano Ferroviário Nacional e suas ligações ao Sul, quer a Faro, quer ao longo da Região, a ligação ao Corredor mediterrânico de Sevilha-Huelva -Faro- no futuro o transporte até 300 km privilegiará o modo ferroviário – mas também, e no imediato a conclusão da eletrificação da linha do Algarve e melhoria das acessibilidades nesta bacia de emprego Olhão, Faro, Universidade, Aeroporto, Loulé, e, posteriormente, Albufeira. Projeto faseado, viável economicamente, e que, em conjunto com os Municípios, representa um dos projetos ancora e de aceleração da transição climática e de valorização do transporte publico sustentável do Programa Regional Algarve 2030.
(Faro, 27 de outubro de 2022)